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É impossível pensar a liberdade, nos tempos atuais, sem refletir sobre a violência social que agride as pessoas, limitando as suas ações. É o caso do machismo praticado no local de trabalho: em um ambiente dominado pela opressão, as relações de trabalho são engessadas, limitadas pela violência sistemática do preconceito de gênero. A crise envolvendo o ex-ator e diretor da Rede Globo, Marcius Melhem, por exemplo, ilustra as dificuldades que muitas mulheres normalmente enfrentam para laborar – as quais se dão, exclusivamente, por serem do gênero feminino. Para quem não conhece a história, Marcius foi denunciado (com provas contundentes) por ter assediado sexualmente seis mulheres. As denúncias citam, até mesmo, o uso de violência física para forçar atos sexuais.
Segundo Cinzia Arruzza, Tithi Bhattacharya e Nancy Fraser, autoras do livro “Feminismo para os 99%: um Manifesto”, existem homens em cargos hierárquicos que se aproveitam do seu poder institucional para requisitar serviços inapropriados, inclusive de cunho sexual. Ao existir uma estrutura de poder com tamanha violência, muitas vezes normalizada pela prática, os locais de trabalho se tornam ferramentas para a desigualdade de gênero e, consequentemente, as mulheres têm a sua liberdade restrita pelas muitas violências do machismo.
Atitudes que as impedem de exercer livremente as suas habilidades, de modo pleno; com barreiras que vão desde o assédio moral (no qual as mulheres são desacreditadas de suas habilidades), até o assédio sexual, que causa tantos traumas que, muitas vezes, adoecem e afastam as trabalhadoras de seus postos. Devemos ser capazes de construir relações de trabalho que contemplem as mudanças necessárias para excluir o machismo do ambiente laboral; e, para tanto, é necessário um ecossistema dinâmico, que ressignifique o papel de homens e mulheres no mundo.
Mestre em Engenharia
Petroleiro na Petrobras
Diretor da Fundação Única dos Petroleiros, e do Sindipetro-NF
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