Certa vez me peguei pensando em como definir a felicidade. Seria ela uma mera reação neuroquímica, pela liberação de hormônios que nos dão satisfação com uma sensação plena de prazer em nosso cérebro – em relação a qual associamos a felicidade? Também fico, constantemente, me questionando: a felicidade depende apenas de mim, ou também, de fatores externos – de outras coisas, ou pessoas? Perguntei para algumas pessoas próximas a mim sobre quais seriam, para elas, as suas expressões máximas de felicidade: com a condição de que ela fosse traduzida em uma resposta só, com apenas uma ou duas palavras. Algumas delas foram: Deus, vida, família, mãe, esposo, emprego, férias, casa própria, carro novo etc.
Ao pensar em cada uma delas – e, principalmente, no que as motivou – é um entendimento quase que imediato o de que a felicidade se traduz em instantes: para cada pessoa, um instante. A felicidade, enquanto instante, não é o Sol no horizonte, mas a caminhada até ele – está em todo lugar, cada olhar e respirar, ouvir e tocar. Quão realmente presente você está, em cada passo que dá, para reconhecer e usufruir o que poderia ser um instante feliz? A ideia de que ser feliz depende apenas da própria pessoa, apesar de poética, me espanta em sua ingenuidade; pois, em muitas das vezes nas quais a felicidade me faltou, bastou alguma pessoa que amo se fazer presente para o meu mundo novamente se tornar um lugar iluminado e quente.
Será que em tempos tão sombrios quanto o atual, a busca pela felicidade – em meio a tanta dor, ignorância e mesquinhez – se tornou uma luta perdida? Poderíamos, mesmo diante das tantas tragédias anunciadas (como está sendo provado pelas investigações da CPI da Covid) ter coração forte e peito aberto, para a tão desejada felicidade? Acredito mesmo que sim, pois para mim, a felicidade pode estar em um olhar ou sorriso, na notificação de mensagem no celular, no compartilhar de uma taça de vinho durante a preparação do jantar depois de um dia exaustivo, em uma conversa preguiçosa na cama antes de dormir… A felicidade está nos instantes compartilhados junto com os que amamos, porque é mesmo tudo o que podemos ter e, então, que deveríamos querer.
Thyago Scoczynski
Turismólogo
Especialista em Gestão Ambiental e Turismo Sustentável
Escritor
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