Os autores clássicos são os grandes representantes do presente. Na música, na literatura, na filosofia, na sociologia, são eles os “grandes do mundo”, sempre nos alertando e situando nos fatos. Um clássico é sempre uma arte a favor do ser humano, erradicando a ignorância e a covardia. Ler um clássico é lavar a própria alma e, até mesmo, a alma de uma nação. Com ele expandimos a mente, flagramos em nós as nossas contradições e, só então, podemos enxergar mais e além.
Clássicos são manifestos fundamentais para marcarmos uma posição contra o que há de pior; como diz Belchior, “olho de frente a cara do presente”. Sempre terão algo a nos dizer, mesmo que já tenha sido dito há 25 séculos. Como? Eles são sempre uma proposta de releitura, a partir das questões próprias do presente; porque é no clássico que o clássico renasce, prenhe de significações e reinterpretações.
O caráter datado dos clássicos se desfaz na medida em que eles nos oferecem a alteridade, o “outro” sem o qual não há a possibilidade de conhecimento de nós mesmos, em nossa relação com o presente. Ler aos clássicos, então, pode tanto ser prazeroso quanto doloroso. Se eles nos levam ao conhecimento, também nos obrigam a buscar, cada vez mais, respostas onde, às vezes, não imaginaríamos perguntar. Também nos ajudam a formar julgamentos melhores, à medida em que aprendemos a diferenciar um entulho do tesouro em ouro.
Que o presente seja o começo das nossas “histórias clássicas”, do Chopp no bar preferido, do banco da praça, do nosso amor, da nossa liberdade – com tudo o que nos faz ter vigor para resistirmos ao trágico presente que estamos passando. É como Sartre diz sobre os livros de Flaubert: “nem só a política ajuda a compreender o mundo e as coisas; [eles] são documentos sobre a atmosfera social e espiritual da França”.
A leitura de um clássico é sempre um presente.
Cientista Social
Mestre em Sociologia
Professora de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda na Uninter
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