***Vol. 1, Nº 002 / 2020 - 03/11 (LIBERDADE) *Sociedade Claudinho Castro

A Liberdade Vem de Baixo

Claudinho Castro

Na Constituição Federal, temos o direito à liberdade de expressão, filosófica e política, dentre outras; porém, um pouco mais delicado, temos o amor – do direito à liberdade de expressar amor. Você com certeza já viu, em lugares públicos, um casalzinho heterossexual, em as suas demonstrações de afeto, com abraços, beijinhos e cafunés? Você vê, sorri e segue com a sua vida. Mudando o par, vemos um casal homossexual: “meu filho não pode ver isso, pecadores!”; mas, ao que me parece, mesmo as reações mais homofóbicas, com o tempo tendem a passar e, alguns, já nem se importam o suficiente para reparar.

Ainda, mudamos apenas um dos personagens da história… Está lá no parque uma belíssima mulher, em seus 1,80 m, junto de seu par romântico, um anão com não mais que 1,20 m. Já até imagino: “olha que fofo filho, ele precisa subir na cadeira para a beijar”. Ahhh, mas vocês não param por aí… Se for um casal de anões, a festa está completa; é capaz, até mesmo, de ser notícia no telejornal local, com fotografias enviadas sem autorização pelos telespectadores mais sem noção.

Por aí se vai, então, a nossa liberdade: no único momento em que gostaríamos mesmo de ser invisíveis aos olhares – às vezes, maldosos –, é quando eles se tornam mais cortantes pela espada do preconceito. Ironicamente, daí, somos muito vistos: ficamos expostos, como se estivéssemos sendo atração em um zoológico humano, o das maiores bizarrices. Ser anão é pedir, todos os dias, a liberdade de ser normal; de que a sua altura não seja tão determinante ao longo da vida – mas, apenas, algo físico, uma dentre outras características corporais. Peço por uma liberdade pelo amor, na qual eu seja fotografado por ser famoso, e não porque estou andando com a “altona”. Apenas, a liberdade de amar e de ser amado… É pedir muito?

Claudinho Castro

Ator
Comediante
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