Pensar no tema da igualdade me faz voltar à minha primeira infância, tempo da ingenuidade. Olha só, nasceu, é “a cara” da mãe, do pai, ou lembra a vovó ou o vovô – ou, ainda, outras comparações tão além, que poderiam causar até mal-estar! Começamos, já aí, a sermos igualados a alguém, antes fisicamente e, passado algum tempo, até em nosso gestual… Ao crescer, percebemos que é um padrão social contra o qual lutamos a vida inteira, para o desconstruir: queremos ser nós mesmos, mas cadê a autoconfiança? Eu não sei muito bem como responder, pois acho que é uma pergunta sem resposta. Quero poder ser diferente, mas ainda ser tratado como um igual.
Quando me vem a palavra igualdade, com ela juntinha está o prefixo de negação “des-”, porque em nosso contexto social, praticamente usamos o negativo para buscar o positivo. Sobre a desigualdade, Jean-Jacques Rousseau iniciou um pensamento que o levaria a concluir que toda ela se baseia na noção de propriedade particular, a qual foi criada pelo sentimento de insegurança com relação aos demais. Ah, então é isto, ô seu filósofo… Ou a desigualdade é natural, ou é moral. Que ótimo! Até parece aquela velha propaganda de biscoito, que vende mais porque é fresquinho, ou é fresquinho porque vende mais.
Já pensaram que este tema, que todos estamos escrevendo e lendo, nos fez iguais em algum ponto? Mesmo com divergências de opiniões, nossos pensamentos sobre a igualdade e a desigualdade têm uma paridade. Está quase lá, na primeira infância, e isto é um bom passo: a igualdade, entre nós, surgiu aí, dentro deste berço que chamamos de “Revista de Bamba” – somos os bebês, recém-nascidos e já prontinhos para as comparações, logo ali na frente, descendo do colo da mamãe, pois… Hoje, independente de ela já ter sido apenas “branca”, eu a quero furta-cor.
Letrólogo
Professor do Governo do Estado do Paraná
Autor do Livro Infanto-juvenil “Sete Ponteiras da Verdade”
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