Por contraditório que possa ser, todas as pessoas – igualmente – se sentem diferentes. É evidente que eu também faço parte do clichê. Desde a minha infância, talvez até pelo bullying na escola, dificilmente consegui me reconhecer em meus pares. Seus modos de sentir, ou pensar e agir, tendem a me ser algo entre curioso e completamente inesperado; talvez seja daí pelo o que eu estou sempre querendo entender o sentido das coisas – para, só então, ter alguma segurança de como me posicionar, ou como agir. Não é à toa que o meu primeiro endereço de e-mail foi super_curiosa86@etc.
Do mesmo modo, com o passar dos anos fui me acostumando com as reações de surpresa dos demais, sobre os meus jeitos de ser e as minhas escolhas, as quais (ao menos, para mim) sempre me foram quase óbvias. Principalmente em questões de cunho pessoal – mas, também, profissionalmente –, ao que parece, eu não tendo a agir como seria o esperado. A parte realmente engraçada é que, talvez, você se sinta como eu (assim como todos os demais que, por ventura, também leiam a minha coluna). Mais velha, ou por maturidade ou por mero cansaço, percebi que qualquer um que fuja – por pouco que seja – do padrão estabelecido, igualmente se sentirá diferente.
Não é à toa que Jung (aluno de Freud, e fundador da psicologia analítica) acreditava que a individuação – processo no qual nos tornamos, mesmo, quem somos –, só poderia acontecer na velhice. Quando jovens, ainda temos a ilusão da aceitação e do pertencimento por meio da imitação, como se só assim conseguíssemos ter toda a segurança de que precisamos (até, ontológica), ao simplesmente sermos iguais a todos. Por azar, ou sorte [?], o medo da solidão pela perspectiva de, talvez, ser rejeitado, ano a ano, é cada vez menor do que a angústia (existencial) de não poder ser mesmo quem se é.
Relações Públicas e Publicitária
Doutora em Comunicação e Linguagens (pós-doutorado em educação)
Editora-chefe da Revista de Bamba
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