Acho deplorável a maneira como as pessoas, em tempos tão sombrios, estão pensando apenas sobre si mesmas; somente uma pequena parcela tem empatia, ou algum nível de altruísmo. Estamos vivendo em um momento em que pensar sobre si mesmo é, também, poder pensar no outro. Aparente contradição que, para alguns, é um tremendo absurdo! A situação com a qual nos deparamos, hoje, parece ser inacreditável para grande parcela da população, mas não para nós, tatuadores, pois sempre estivemos batalhando contra vírus e afins! Sempre tivemos a consciência de que, ao nos cuidarmos, estamos também cuidando do “próximo”. Em nossa atuação, tendemos a nos colocar à mercê de todo e qualquer tipo de vírus, ou de bactérias – e, ainda assim, a marginalidade sempre esteve às nossas portas, nos fazendo seguir por aí como “baratas” de Kafka. Nos resguardamos e seguimos, como bons rebeldes que somos, mais uma vez.
Creio eu, assim, que a tal “onda de cuidado” e preocupação com a saúde não nos afeta tanto, porque sempre estivemos e seguimos à margem; e, ainda nela, estamos igualmente preocupados com o bem-estar de nossos clientes. Aí, então, nós vemos que todos os que julgam e apontam os que se tatuam, ou sobre isso ou aquilo, não passam de hipócritas. Até porque, segundo um estudo da Universidade do Alabama, a partir da segunda tatuagem o sistema imunológico melhora, em quase 75%. De acordo com os pesquisadores, a cada arte feita, o nosso corpo enfrenta cada vez melhor as infecções – o que já é mais um ótimo motivo para riscar a pele (como se precisássemos), com cada vez mais desenhos. A descoberta, em resumo, é que a tatuagem causa uma significava melhora das respostas imunológicas; o que deixa o organismo, como um todo, menos sujeito a novas infecções e doenças.
Penso eu que, independentemente de qualquer que seja o seu credo ou posição política, devemos assumir apenas um papel, o de “ser humano”. Não importa o seu poder aquisitivo ou ideologia, devemos nos reconhecer apenas como seres humanos viventes e, acima de tudo e idealmente, “sapientes”! Enfim, o mundo está mudando – se para melhor ou pior, resta a nós decidirmos. Espero que, juntos, façamos a escolha certa; ou, ao menos, que eu siga sendo uma mera barata, para poder passar ilesa por tudo.
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Radialista
Tatuador e proprietário do ArtGround Tattoo
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