Todo o Brasil tem acompanhado o comportamento das pessoas residentes no confinamento do reality show Big Brother Brasil, da Rede Globo. Uma das coisas que mais chama a atenção é o tratamento que os chamados “brothers” se dão entre si, atualmente com muito assédio e violência moral. O ápice dessa crise foi a saída do participante Lucas, após ser rechaçado por diversas pessoas do jogo. Sabemos que o ser humano pode ferir o outro com palavras e, inclusive, causar alguns traumas que marcam toda uma vida. Estamos vendo, ao vivo, essa violência num programa de televisão que, supostamente, simula as experiências da vida real.
Com todas as ressalvas das mentiras promovidas em prol do “mundo do espetáculo”, entretanto, vale a pena pensar como a violência, de fato, se manifesta no nosso dia a dia. Nos fazer pensar sobre o que vemos, no BBB, em relação às nossas próprias vidas, talvez seja um dos grandes fatores do sucesso e do mérito do programa. Pessoalmente, toda a violência que vejo no BBB estão de acordo com os muitos relatos que temos, continuamente, na vida sindical. A humilhação e o assédio são cotidianos no ambiente de trabalho do mercado brasileiro.
Por exemplo, em prol de resultados muitas vezes irreais, construídos sem a participação da maioria dos trabalhadores, muitos cargos de liderança dentro das empresas recorrem ao assédio para acelerar aos prazos, ou impor uma “perfeição” à tarefa pretendida. Sem falar nas próprias violências estruturais que encontram, no ambiente de trabalho, um local propício para se manifestarem sem serem questionadas; pois, muitas pessoas sentem medo de perder o sustento financeiro de suas vidas, e não ousam rebater as agressões que sofrem.
Imaginem, então, que temos diversos “Lucas” espalhados em salas de escritórios, chãos de fábricas, carros e ônibus, ruas e casas. Muitos trabalhadores e trabalhadoras que precisam se cuidar para não ter o esgotamento que o participante teve, que o fez por bem sair do programa em prol de sua saúde mental. Trabalhadores e trabalhadoras, organizados, precisam de pautas cada vez mais orientadas a um ambiente laboral menos violento, tratando da violência estrutural por meio de relações cada vez mais cooperativas, condizentes com o bem-estar necessário a um convívio verdadeiramente humano.
Mestre em Engenharia
Petroleiro na Petrobras
Diretor da Fundação Única dos Petroleiros, e do Sindipetro-NF
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