***Vol. 2, Nº 010 / 2021 - 24/02 (DOENÇA) *Saúde Lênia Luz

Aprisionados no “Sempre”, e no “Nunca”

Lênia Luz

Esta pandemia trouxe uma série de mudanças, e muitos de nós estamos vivendo o luto, do que e de quem perdemos. Talvez você não tenha pessoalmente perdido alguém para o Corona, mas muito provavelmente alguém próximo, amigos ou colegas, sim. São perdas que geram em nós um luto coletivo, que ao não ser verbalizado e, então, acolhido, pode se tornar uma ansiedade, um ataque de pânico e, até mesmo, uma depressão. O distanciamento social, a incerteza, o medo de tudo, nos fez adoecer; mas, temos que cuidar destes sintomas, sejam leves ou não. Devemos buscar o otimismo que se perdeu de nós (ou nós que nos perdemos dele?), tendo fé de que não será sempre assim; as coisas não estarão sempre ruins como hoje, já que como tudo o mais, isto também irá passar amanhã!

Quando penso em perdas, sempre me lembro do luto vivido por minha líder inspiradora, Sheryl Sandberg (a executiva do Facebook), que viu o seu mundo desabar com a morte repentina do seu esposo, Dave Goldberg. Ela acordava todos os dias pela manhã desejando que fosse um pesadelo, mas não era: “Todas as manhãs eu acordava para ver que ele se fora. E que aquela dor nunca iria me deixar. Nunca”. No livro que ela escreveu com o psicólogo Adam Grant, “Plano B: como encarar adversidades, desenvolver resiliência e encontrar felicidade”, ele a alertou de que não deveria usar as palavras “sempre”, ou “nunca”. Segundo a psicologia, quando estamos diante de uma enfermidade ou perda, é uma tendência natural que tentemos fazer uma “previsão afetiva” – que é nossa habilidade de prever o futuro, só que aplicada em questões emocionais sobre como imaginamos que iremos nos sentir.

Em sofrimento, ficarmos nos adoecendo com pensamentos negativos, e nos prendemos a ideia de permanência – e, então, infinitude – das coisas; sendo que o mais saudável é o entendimento de que tudo é impermanente, com começo, meio e fim. Em tempos de luto tenho buscado reconhecer a impermanência de tudo e, só então, consigo manter algo de minha saúde mental, mesmo em meio ao caos absoluto.

Lênia Luz

Consultora de Empreendedorismo Para Mulheres
Idealizadora do Empreendedorismo Rosa
Escritora
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