Quando me descobri vagueando por diversos territórios, sem lugar fixo, apegos ou planos para médio e longo prazo, o termo “nomadismo digital” era lenda urbana de país desenvolvido. Ok, talvez tenha sido meio exagerado, mas para a minha realidade era exatamente isto! Mesmo porque eu vagueava em busca de um lugar no mundo, e até que não levou muito tempo para eu perceber que meu lugar é o próprio mundo. Com um pouco mais de tempo – e uma pandemia global –, minha carreira profissional seguiu o mesmo destino: sem escritórios, sem horários, sem endereços, sem fronteiras, 100% home office. A liberdade estava completa! Mas… O mundo ainda funciona em horário comercial, a família é “tradicional” e os amigos cobram a sua presença. As pautas precisam ser entregues dentro do prazo, eu preciso almoçar junto na mesa e, ainda, reservar tempo para prestigiar as conquistas dos amigos – afinal, eu estou “em casa”. Me vejo em jornadas duplas (e, até mesmo, triplas) para ainda conseguir ser eu, da entrega das pautas às boas maneiras no almoço.
Ser 100% nômade digital tem sido caótico! Não sei mais quando o meu dia começa ou termina, ou se as situações a minha volta são mais ou menos importantes do que os meus prazos; ou, mesmo, se vale a pena ligar para aquela amiga (pela décima vez) tentando me explicar e, novamente, pedindo perdão por não ter mandado sequer uma mensagem… Sabendo que, logo em seguida, levarei outros três dias para responder a sua mensagem no Whatsapp.
Me sinto vazia, angustiada e incompetente, presa na minha liberdade. Conectada com o mundo, sem conexões dentro de mim. Se eu mudaria de estilo de vida? Com certeza não! Ainda encaro tudo como um processo e, até mesmo a escrita de minha coluna, como uma oportunidade de desabafar – mesmo que durante a minha terceira jornada do dia, no último minutinho do prazo.
Jornalista
Apresentadora
Redatora especialista em Marketing Digital
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