A pandemia trouxe à tona muitos aspectos do funcionamento das pessoas; seja os de estudo ou de trabalho, março de 2020 nos impôs uma vivência para a qual não estávamos preparados – e nem teria como estarmos. Cada etapa foi – e ainda está sendo – vivenciada de forma distinta: desorientação, tentativa de aumentar a produtividade, sensação de obrigação de fazer uso “útil” do tempo, etc. Também temos que administrar de forma totalmente diferente a permanência no lar, em contato contínuo com a família ou amigos, revelando conflitos que muitas vezes não eram percebidos. Seis meses depois, temos um ponto que ainda precisa ser debatido: como reduzir os danos psicológicos? Percebemos a particularidade de cada um: alguns adaptaram-se com mais facilidade à redução brusca de contato social presencial – outras, não.
A pandemia pode ter trazido desemprego, dívidas, divórcios e, até mesmo, a perda de entes queridos, para a qual nem há a chance de processar o luto por meio dos ritos fúnebres, por regulações sanitárias. Na esteira das complicações, vieram crises depressivas, medo, ansiedade, stress e fobia social; além do potencial aumento da incidência de TOC, relacionado a uma preocupação excessiva com a contaminação e, então, com o desenvolvimento de hábitos de higiene compulsivos com a finalidade de aliviar essa preocupação.
Em uma perspectiva menos trágica, tédio. Muito tédio. Então, o que fazer? Se, por um lado, a pandemia segue, por outro, o esgotamento emocional cresce; assim como a tendência a ignorar cada vez mais as normas de prevenção, sob os mais diversos argumentos. Como avaliar o “risco que vale a pena”? Porque não se pode tampar o sol com a peneira: qualquer contato social, essencial ou não, vai implicar em algum grau de risco, mesmo que ínfimo. Sempre tenha em mente que você não precisa passar por tudo isso sozinho: a psicologia possui diversos meios para auxiliar e, se precisar, busque atenção profissional.
Psicóloga CRP 08/13.324
Especialista em Psicologia Clínica e Transtornos Alimentares e Obesidade
Coordenadora do Inst. de Pesquisa do Comportamento Alimentar de Ctba.
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