O termo vaidade se origina do termo latino vanitatis, cujo significado é nada mais e nada menos que vácuo – o vazio absoluto! Salomão dizia que, após se atentar para todas as obras dos homens debaixo do sol, percebeu que tudo era vaidade, e que todos os seus esforços eram vãos.
A vaidade é bíblica e, também, erudita: já andou muito na cabeça dos filósofos, que enfatizam que ela é a rapidez com a qual as coisas desaparecem, dando pouco a quem as possui. Embora eu goste da filosofia e dos pensamentos que voam ao infinito, prefiro uma figura mais mitológica carregada de significação, e a Medusa é um exemplo de até onde a vaidade de uma deusa pode ser erroneamente punitiva.
Na mitologia, a mais bela sacerdotisa de Afrodite foi violentada por Poseidon no chão do templo de sua Deusa. Em vez de punir ao violador pelo sacrilégio, Afrodite tirou a beleza – muito relacionada às noções de reforço da feminilidade – de sua sacerdotisa, transformando-a numa criatura horrenda, com cabelos de serpentes e olhar petrificante.
Vaidade de ser trocada por uma mortal, pelo não reconhecimento de uma violência e, então, culpabilização da vítima. Além do recorte de gênero, nem os homens escapam desta tal vaidade; porém, os adjetivos a eles imputados não são tão pejorativos, mas tendem a ser criativos e, até mesmo, “empoderados” – se são acometidos pela sedução da vaidade, se tornam “metrossexuais”.
Ao fazer um paralelo dos processos a partir dos quais as mulheres são condicionadas a se acharem inferiores umas às outras – o equivalente masculino, quase como uma questão filosófica, seria a disputa em relação ao tamanho e à potência do órgão sexual? Ao traçar um paralelo entre a questão de métrica, em relação ao costume de medição do pênis… É divertido pensar o termo “metrossexual” como um trocadilho.
Letrólogo
Professor do Governo do Estado do Paraná
Autor do Livro Infanto-juvenil “Sete Ponteiras da Verdade”
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