Brasil, século XXI. O primeiro grande evento do século não foi nem o carro voador, nem o teletransporte, nem a inauguração de uma colônia terrestre em outro planeta do sistema solar – nem, ao menos, uma invasão alienígena, para os EUA os botarem para correr do planeta “deles”. Com a pandemia do Corona, o máximo que nos aproximamos da ficção foi das películas pós-apocalípticas, bem como no “Eu sou a Lenda”. Nem preciso dizer que a maior potência econômica mundial se comportou como em um filme de comédia “non sense”, no maior estilo Leslie Nielsen.
Se os EUA se comportaram mal, imagina as terras tupiniquins. O Brasil se esforçou muito para afirmar a fábula de um país de selvagens e ineptos, como sempre é representada nos filmes comercias da Indústria Cultural. Aliás, Leslie Nielsen ficaria magistral no papel de um presidente negacionista, trambiqueiro e asnático. Mas o niilista que aqui escreve, consegue buscar um pontinho de luz em toda essa balbúrdia que foi o “enfrentamento” desta pandemia – agora, focando apenas em nosso país.
O Corona nos trouxe novos heróis, aquele pessoal de jaleco branco e olheiras que nunca tinham sido notados, foram elevados ao papel de protagonistas. Falo dos enfermeiros, técnicos e, até mesmo, dos médicos (que no Brasil, todos sabem, mal tocam nos pacientes). Embora ainda haja alguns negacionistas, creio que a maioria já consegue entender a importância do Sistema Único de Saúde (SUS); e também, a importância das pesquisas cientificas (que nos trouxeram as diversas vacinas). Só assim para que, enfim, possamos ter ao menos um pequeno facho de luz no fim do túnel – é, no Brasil, é apenas um pequeno facho de luz… Infelizmente.
Agora a espera se torna mais amena, sabemos que logo poderemos abrir as casas e abraçar aos amigos; e, por que não, também sair pelas ruas de mão dadas, cantando em coro um “Fora Leslie”, para que a década de 20 deste século tenha, ao menos, um pouquinho de chance de se comparar aos anos 20 de Hemingway, Fitzgerald, e Picasso.
Ator
Diretor de Teatro
Dramaturgo
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