Para além da Filosofia, essa pergunta também inquieta os teóricos da Psicologia e, por mais que as opiniões possam divergir, tendo a sustentar que não somos. Ao menos, não somos tão livres quanto gostamos de acreditar. Cada linha da Psicologia aborda o tema de uma maneira, e todos apresentam pontos que valem a reflexão: para Freud, abdicamos de uma parcela de liberdade em nome da proteção que viver em sociedade nos proporciona, e isso faz parte do processo civilizatório; já para Skinner, a liberdade tem ares de utopia, porque todas as nossas ações possuem consequências, o que é um ponto importante.
De fato, teoricamente somos livres para fazer qualquer coisa; porém, muitas das vezes, não queremos – ou não temos as condições – de arcar com as consequências dos nossos atos. Nosso comportamento fica atrelado às suas implicações, tanto de forma objetiva quanto subjetiva. Temos previstas sanções legais por crimes, além do sentimento de culpa e da censura moral, dentre tantas outras possíveis. É claro, temos exemplos de pessoas que não se importam com nada disso, as que conhecemos como sociopatas (mas já seria outro tema). Ao nos atermos à população em geral, a esmagadora maiorias das pessoas já experienciou a sensação de inibição sobre um desejo, por querer evitar as suas decorrências prováveis, e isso é uma vivência bastante corriqueira. Temos novamente, então, o nosso questionamento: você é, de fato, livre?
O que rege as nossas escolhas? Em que régua pautamos a nossa conduta? Temos algumas respostas, mas ainda muitas outras perguntas. Até mesmo porque a liberdade, invariavelmente, cruza o campo da moralidade: julgamos as ações como boas, neutras ou más – e, mesmo uma ação socialmente tida como boa, pode gerar consequências que a pessoa sente como ruins. Quem, por exemplo, nunca se privou de falar sobre os seus sentimentos, não é mesmo? Você era “livre” para fazê-lo.
Psicóloga CRP 08/13.324
Especialista em Psicologia Clínica e Transtornos Alimentares e Obesidade
Coordenadora do Inst. de Pesquisa do Comportamento Alimentar de Ctba.
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