Todos já passamos por muitas coisas, boas e ruins. Principalmente desde o ano passado, a partir das muitas mazelas relacionadas com a covid-19, temos tido cada vez mais problemas em ser feliz: medo da doença e da morte, perdas de emprego e entes amados, decepções e superações doídas etc. Tantos problemas, se já não fossem demais, podem ainda ter mais um efeito colateral: medo de ser feliz – de nos permitirmos outras experiências, outros prazeres, paixões e amores. Pior ainda quando se, além do medo, também sentimos culpa.
Como ousar ser feliz, apesar de tudo? Como sorrir e gargalhar em meio a tanto sofrimento alheio; ou, mesmo, depois de nós mesmos já termos sofrido tanto? Não tenho resposta para estas perguntas… Sinto muito se você realmente acreditou que fosse mais um daqueles textos de auto-ajuda, do tipo “para remediar tal efeito colateral, tal remédio”. Só o que posso fazer é contar um pouco de minha experiência.
Amo metáforas, e a minha para “apego a sofrência” é como se estivéssemos em um quarto velho, sujo e fedido. A cama já está pequena e quebrada, não há luz do Sol pelas cortinas pesadas ou ar pelas janelas emperradas. Talvez este seja o seu presente, com uma porta entreaberta de futuro – que você ainda tem muito medo de atravessar. Por pior que seja o quarto, você se sente relativamente seguro nele (até mesmo em seus desconfortos).
O convite que eu te faço, no que for confortável para você, é sair do quarto. Não precisa sair correndo. Um passo de cada vez é mais do que o suficiente. A coragem, como todos já sabem pelo clichê, não é a ausência do medo: é ir – de um lugar para o outro, dentro e/ou fora de você – com medo mesmo. É a famosa sensação de “frio na barriga” (talvez, uma corrente de ar fresco vindo da porta entreaberta?), que temos sempre que nos desafiamos a algo. O que seria a vida sem o desafio? Sem o movimento de ir para outros lugares, de ser “outras pessoas”? Se tudo o que temos da vida são as nossas experiências, quais você está se permitindo ter?
Relações Públicas e Publicitária
Doutora em Comunicação e Linguagens (pós-doutorado em educação)
Editora-chefe da Revista de Bamba
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