A velocidade com que a informação se propaga nos dias atuais, trouxe à tona o que já é denunciado há séculos – e é silenciado por uma frágil tentativa de nos convencer –, de que vivemos uma democracia racial no Brasil. Notícias se espalham, escancarando violências e desigualdades alicerçadas em 388 anos de escravidão, e sustentadas por 132 anos de uma liberdade que nunca fora consumada.
A negritude, sendo maioria em todos os índices negativos ligados ao descaso estatal (em nosso país e no mundo), tem diante de si um momento histórico atípico, em que a atenção dos veículos de mídia – alimentados pelos fluxos das redes sociais – evidenciam, diariamente, os casos de racismo: seja pela diferença salarial de 31%, seja pelas mortes e agressões por parte de forças policiais; a falta de oportunidades no ensino e no mercado de trabalho; a pouca quantidade de profissionais negros em cargos de gerência e de alta remuneração; ou, ainda, a falta de acesso adequado ao sistema de saúde – que está ainda mais exposta com a pandemia COVID-19, em que pessoas negras internadas morrem mais que pessoas brancas, na relação de 55% a 38%.
Essa desigualdade é esmagadoramente refletida na quantidade de representantes políticos; sendo que, nos espaços políticos é onde reside a perpetuação da condição de negras e negros brasileiros, pelo distanciamento dos espaços de poder – pois, sem ocupar os espaços políticos, a negritude tem afetada a iniciativa e a qualidade de políticas públicas que tragam a reparação necessária para sanar a exclusão social. Nunca antes tivemos tamanha oportunidade para alçarmos as pautas do Movimento Negro, lutar pela formulação de políticas públicas e preparar negras e negros para representar a si próprios. Existem espaços que definem o quão igualitário a nossa sociedade se tornará e, é ali que a negritude deve, também, estabelecer o seu lugar.
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Presidente do Conselho Afro Rio Preto
Candidato a Vereador em São José do Rio Preto
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