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A filósofa e feminista Simone de Beauvoir, em sua obra “O Segundo Sexo” (1949), abriu a possibilidade de se pensar em um mundo onde a mulher não fosse mais considerada alteridade, o “outro”. Tem como premissa que, na realidade vivenciada pelas mulheres, o masculino é o polo positivo e neutro; e, o feminino, o polo negativo. As masculinidades e as feminilidades só existem em relação e, mais ainda, que as mulheres na sociedade – especialmente, no período em que produziu o seu texto –, eram consideradas prolongamentos dos homens, pois não podiam votar ou mesmo gerir os seus próprios bens.
É necessário considerar que, enquanto as mulheres brancas lutavam para conseguir adentrar ao mercado de trabalho, as mulheres negras já ocupavam forçadamente esse espaço, como sinalizam as teóricas e feministas negras. O que se pretende refletir nestes pequenos parágrafos é sobre a mensagem deixada por Beauvoir, em sua frase emblemática: “querer-se livre é também querer livres os outros”. A partir da sua produção teórica, é possível pensar sobre como a liberdade não é possível de ser alcançada, se for apenas para alguns.
A liberdade não é individual e, sim, coletiva. Ela não é algo que se possui, mas que se vive. A opressão está dentro modo de produção da nossa vida e, também, das nossas relações interpessoais; faz parte do tanto de nosso nascer, quanto de nosso viver e até morrer. A naturalização das formas de opressão e de violência se fazem presentes cotidianamente, ocasionando a banalização do mal. O fato inegável é: a liberdade só é vivida se for coletiva – só é possível ser livre, se os outros também forem livres como eu sou. É por isto que, enquanto os modos de opressão e violência se mantiverem, é preciso ainda resistir.
Assistente Social CRESS 10.199
Mestre em Tecnologia e Sociedade
Assistente Social no Centro de Atenção Psicossocial
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