Saúde e doença são, em um contato inicial, antônimos; porém, se existe algo que faz esses dois conceitos se encontrarem, ao menos na Psicologia, é a Ortorexia Nervosa. “Orto” que, em sua origem etimológica no latim, pode ser traduzido como “correto”; e que, como prefixo no português, significa “retidão”. Talvez o nome seja desconhecido – até porque ele, ainda, não é reconhecido oficialmente como um transtorno mental – mas a Ortorexia Nervosa é um transtorno alimentar que possui características em comum com o Transtornos Obsessivo Compulsivo, o nosso já tão conhecido TOC. O ponto central desta patologia é a obsessão por se alimentar da forma mais correta possível, seguindo premissas que podem (ou não) ter fundamento científico.
A princípio, não há problema algum em tentar ter um estilo alimentar saudável. Pelo contrário, mesmo pelo senso comum é algo que todos nós deveríamos buscar. Em uma alimentação saudável e equilibrada, porém, não deveria haver problema algum em comer uma fatia de bolo de aniversário, ou uma pizza no final de semana. A pessoa com Ortorexia Nervosa, porém, se apavora com a mera possibilidade de “sair da linha”.
“Coma limpo”, diz ela… Munindo-se de milhares de racionalizações, com fontes pouco confiáveis da Internet. “Isso é um veneno”, emenda a pessoa – sem perceber que pode estar afastando seus familiares e amigos de uma convivência prazerosa, já que não consegue ao menos comer na rua sem ter a sua ansiedade explodindo. “Sou saudável”, ela pode ainda pensar, com as suas verduras e legumes orgânicos, sem se permitir uns temperos e, então, um pingo a mais de prazer.
É a Ortorexia Nervosa, quando a saúde se torna doença.
Psicóloga CRP 08/13.324
Especialista em Psicologia Clínica e Transtornos Alimentares e Obesidade
Coordenadora do Inst. de Pesquisa do Comportamento Alimentar de Ctba.
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