***Vol. 2, Nº 008 / 2020 - 28/01 (PRESENTE) *Sociedade João da Costa

Presente, Professor…

João da Costa

Hoje acordei para fazê-lo. Sim construí-lo. Sou o próprio presente, eu sou responsável por ele acontecer, ser, estar, permanecer ou simplesmente existir. Porque esta questão do tempo nos incomoda a todos? Não tenho curtido o meu hoje, o meu agora, por causa das minhas dores nas costas, no baço e no coração. Minha próstata ainda não gritou mas, mesmo assim, estou cansado de cada “presente” que recebo, todos os dias que acordo. Tenho tido presentes de Sol, parcialmente nublados e chuvosos (inúteis estes, pois nem os reservatórios de água tem enchido).

Presente doce, eternizado em Dezembro, precisamente em 05/12/2020. Este meu presente é eterno, doce, doce, doce, um sonho… Dona Ivelise que o diga! Apesar – e, ao pesar tudo –, o gosto amargo nunca tomará conta da memória, porque o meu doce mel está muito inteiro nas sinapses cerebrais. Eu sigo, porque é isso que fazemos. Vocês já viram uma criança vendo o mar pela primeira vez? Estive presente num momento destes há pouco tempo; aliás, uma menina-mulher vendo a imensidão azul, não pude decifrar ao seu olhar, mas senti a sua alma se libertar no Azul do céu que encontrava o Azul do mar – e as lágrimas desta Poliana compuseram um quadro único:  as lágrimas abraçaram o doce sorriso e, num surrealismo, até corações surgiram nas nuvens.

Nada haver, tudo haver, o presente está aqui e agora – ele é imediatista, né? –, e todos criam dependência dele; o meu amigo Passado, e o tal falado Futuro, os dois criaram a dependência das atitudes dele, já. O presente, tempo, deve mesmo ser encarado como um “presente” que nos é dado. A espiritualidade diz que é o momento de fazer é sempre o agora, e tudo pode mudar a partir do presente. Ele nem sempre vem bem embalado, ou com surpresas agradáveis; mas, não é o presente o foco e, sim, o que fazemos com ele.

Como lidar com as surpresas que ele nos traz, tanto boas como ruins? Às vezes a coisa é tão ruim, que achamos que o presente era para ser o do vizinho, e não o nosso. Infelizmente o carteiro que entrega o nosso presente diário não erra o CEP e, ao o “abrirmos”, é nosso mesmo. Sem direito a devolução, a melhor solução é vivê-lo e desfrutá-lo, seja doce, amargo, azedo, salgado ou agridoce. “E se a morte emendou a gramática”, meu maior Presente, o professor Simão, “que cansou de ser moderno e foi ser eterno” e, das estrelas que compõe o meu Universo… Tornou-se a poesia que faltava no meu verso.

Obrigado a todos e todas, tão presentes, meus presentes neste presente momento.

João da Costa

Letrólogo
Professor do Governo do Estado do Paraná
Autor do Livro Infanto-juvenil “Sete Ponteiras da Verdade”
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