***Vol. 1, Nº 003 / 2020 - 17/11 (IGUALDADE) *Meio Ambiente Eloisa Loose

Os Riscos Climáticos Não São Os Mesmos Para Todos

Eloisa Loose

As mudanças climáticas, intensificadas pelas emissões de gases de efeito estufa das atividades humanas, são um fenômeno global. Os efeitos consequentes do processo afetam todo o planeta, não distinguindo raça, gênero, faixa etária, classe ou qualquer outro tipo de classificação social. Há quem diga, portanto, que as suas consequências atingem igualmente a todos. Se, por um lado, podemos concordar que a crise climática está revestida de certa imprevisibilidade – e que, sim, estamos todos igualmente sujeitos a seus impactos –, é uma mentira que os seus efeitos são distribuídos de maneira igualitária.

O risco sempre precisa ser avaliado a partir de uma equação que engloba o grau de ameaça, a situação de vulnerabilidade e a capacidade de reação; e, diante disso, já não podemos afirmar que os riscos são democráticos. A sociedade não sofre igualmente com um problema, só porque ele tem dimensões planetárias. As condições e os recursos (sociais, econômicos e, até mesmo, políticos) disponíveis para que cada um responda a tais impactos, tem influência de forma crucial na gravidade e no grau de exposição sentidos – por você, seu grupo ou nação.

Também não é justo culpar “a humanidade como um todo”, se sabemos que boa parte das emissões que nos trouxeram até este estado de emergência foi gerada por apenas uma pequena parcela da população. A desigualdade existente entre quem mais contribui para a piora do quadro climático, e aqueles que mais padecem com os seus resultados, não pode mais ser mascarada.

Eloisa Loose

Jornalista
Doutora (ganhadora do “Prêmio Capes de Melhor Tese de 2017”)
Professora e Consultora na Área de Comunicação Ambiental
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