Estamos no final do primeiro mês do segundo de um dos piores ano de toda a história do mundo, antevejo. Foram feitas todas as promessas, e traçadas as metas, para que este ano, na medida do possível – ou impossível – desse certo. O final de janeiro se aproxima e a expectativa ainda se mantém no horizonte dos mais bravos e ingênuos, não é mesmo?! Logo mais, na metade do ano, as páginas dos livros e os sites de autoajuda estarão repletas de conselhos sobre “como você ainda pode salvar o seu ano”, ainda que estes mesmos livros e sites não façam a menor ideia sobre como é a sua vida ou dos problemas que enfrenta; e isto que eu nem vou me dignar a falar do “coach”, que nem merece as minhas linhas.
Olhando para trás e vendo a batalha enfrentada no ano anterior, sabemos que só o fato de continuar vivo já é uma vitória. Centenas de milhares de famílias enfrentam o luto, a falta de trabalho, os preços absurdos e, ainda, a reclusão, não podendo ao menos ter o abraço reconfortante. Logo a tentação, que mora no coração dos perversos – e que exploram esses sentimentos alheios –, brilha ao ver a culpa por decisões tomadas em meio ao caos. É por isso que cursos de “como ser produtivo na pandemia” ou, então, “como se reinventar depois da perda” estão lotados. O peso da decisão presente estrangula, junto com a consequência do futuro, e deixa os sujeitos cada vez mais vulneráveis. É um fato, mas, como te dar uma receita para superar qualquer coisa, sem cair no risco de me contradizer? Praticamente impossível, admito, mas eu ainda tento.
Certa vez, sob a sombra de uma escolha, alguém ouviu: “comece sem medo, faça sem perigo, termine sem prejuízo!”; é disto que se trata qualquer movimento da vida, não é? Saber que tudo o que escolhemos, cada pequena decisão, é fruto de um momento específico: o agora, o presente – e que, na intenção de tomar a melhor decisão, se faz o que se faz, escolhendo este ou aquele, por vezes errando mas, por outras… O arrependimento, a culpa, são fardos pesados demais para aqueles que decidiram pelo melhor. Então, o meu conselho? Só se flagele se for para práticas prazerosas, afinal, de nada serve em outras finalidades.
Filósofo
Graduando de Psicologia
Escritor
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