Empírico? Ilusão abstrata? É um saber que não sabe ou, ainda, para o qual é preciso “saber que sabe” para poder saber? É uma mera herança genética? Ou é um produto sociocultural? Nada disto, ou todas as alternativas anteriores? A crença de se adquirir sabedoria, com o tempo, virou lenda quando podemos ter em nossas mãos conhecimentos instantâneos, de verdades ou mentiras. A sabedoria é isso tudo: o discernimento do certo e do errado; do diferente e incompreendido – é afirmar sem julgar. Talvez a sabedoria seja um abraço entre a discussão.
Ela não precisa estar nem certa nem errada, é sabia em se fazer estar, ou sair. Sabedoria: não ser inconveniente. Será? Rogaremos aos deuses e às deusas da sabedoria para evoluirmos? Ou há mais sabedoria em um monge, na sua humildade e paciência? A sabedoria não é algo físico e, portanto, não é tão almejada quanto aquilo que realmente podemos mostrar como “nosso”, provando que aquilo está ali e é “meu”. Quem carrega a sabedoria não a tem para si mas, sim, a para dividir e compartilhar. Como um odor que o vento carrega e, no olfato de cada um, traz para si uma lembrança, um nome, uma palavra… Um sentimento e, muito mais do que isso, outras possibilidades; sendo que todo este saber irá depende de como o usará.
Há sábio que se vai, há sábio que fica, e tem quem é mais sábio com o coração do que com a razão; sendo que o verdadeiro sábio é aquele que não crítica. Há muitos que são sábios na sua ingenuidade, na sua gentileza e carisma; porque a graduação forma o conhecimento, mas a sabedoria… Ela não tem diploma. Há na vida tantos sábios analfabetos, que conseguem divinamente compartilhar da sua sabedoria em uma rápida conversa. Ficou um pouco romantizada essa questão da sabedoria mas, ao meu ver, ela é sabia demais para não ser compreensiva, empata. Sabia demais pra ser egoísta.
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