Seria trágico falar a você sobre a sua própria condição de vida, mal nos conhecemos e, mesmo se fosse o caso, não devemos nada um ao outro. Não vou instigar a sua revolta contra o sistema, nem te falar sobre quão importante ela seria, não… Vou fazer pior. Suponho que, imerso no mundo de hoje, assim como eu, você tenta ter boas referências – creditadas por sua própria confiança – para validar ao seu posicionamento, em uma conversa de bar, ou de “web-bar”. Do contrário, estaria eleito como o amigo que nada tem a acrescentar, seria só mais alguém existindo, de forma simples e insignificante, certo? – pois bem, nem mais a escolha (da própria insignificância) você tem.
Nascemos livres e, em todo tempo, somos presos por ferros – como diria o bom amigo Rousseau – os quais, hoje em dia, prendem cada vez mais rápido, e estão cada vez mais apertados. Em outros tempos, aos olhos do filósofo, tais grilhões eram representados pelo “luxo da técnica”, que nos tornava escravos uns dos outros; a não ser que você conseguisse fazer absolutamente tudo sozinho, como caçar, cozinhar, construir, costurar, cultivar, etc. Hoje, além das necessidades básicas que não deixaram de existir, temos o “dever” de seguir um altíssimo padrão de produtividade, além de atender as demandas – às vezes, humanamente impossíveis – de beleza e simpatia para, minimamente, sermos chamados à uma vaga de emprego.
Não seja você, seja aquilo que é esperado de você – e faça isso sorrindo, por favor, é o mínimo. É óbvio, você ainda pode se recusar a tudo. Abandonar absolutamente a todas as coisas, e viver isolado na floresta mais próxima (floresta?! tal coisa ainda existe?!); mas, eu já te adianto, cuidado para não encontrar pessoas largadas e peladas por lá… Contam que estão gravando um programa lacrador.
Filósofo
Graduando de Psicologia
Escritor
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