No mundo todo, poucas datas oficiais passam por tanta polêmica como o dia 20 de novembro. Basta iniciarmos qualquer diálogo em grupo a respeito da consciência negra que, inevitavelmente, surgirá o argumento de que “precisamos mesmo é da consciência humana”. Cuidado. Os malabarismos argumentativos, que se maquiam de igualdade, são capazes de confundir os mais desavisados. Ao pregar a consciência humana, a ideia de pensar em igualdade para todos parece mais abrangente do que a ideia de conquistar a igualdade racial. Trata-se de uma mera fraude, retirando do horizonte o pilar de sustentação para uma igualdade a nível social: a equidade entre todos. A lógica é simples: não basta que todos sejam vistos como iguais, é necessário que tenhamos igualdade de condições.
Alguns exemplos? Em nossa democracia, todos temos o direito de ir e vir, o que não significa possibilidade. Todos temos o direito ao ensino, mas nem todos possuem as condições para permanecer nas escolas e, menos ainda, de progredir ao ensino universitário. Pode, ainda, surgir a dúvida: por quê, já que se trata de igualar oportunidades e condições, ao invés de buscarmos medidas reparatórias para pessoas negras, não focamos em pessoas pobres em geral? Cuidado leitor, pois é outra fraude, que ignora o fato histórico de termos vivido 388 anos de escravidão (que, hoje, consolidam os negros como 75% das pessoas pobres e em situação de miséria).
Tratar de igualdade social é entender que as pessoas são diferentes; vivem contextos diferentes, tiveram oportunidades e culturas diferentes e, ironicamente, são tratados de maneira desigual (pelas mesmas pessoas que pregam a igualdade da consciência humana). Devemos reconhecer que oportunizarmos pessoas diferentes de maneiras diferentes é a única forma possível de atingirmos igualdade – e, se ainda sobrar um “direitos sim, privilégios não” na conversa: muito cuidado, mesmo, caro leitor.
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Presidente do Conselho Afro Rio Preto
Candidato a Vereador em São José do Rio Preto
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