Dentro da esfera religiosa, a igualdade é uma busca permanente das religiões como o Candomblé e a Umbanda. Inferiorizadas como “baixa espiritualidade” (por pessoas ou grupos sem conhecimento), ambas não têm a justa igualdade, em todos os setores possíveis e imagináveis. Na lei, é muito mais fácil abrir uma igreja do que um terreiro. Todo o preconceito presente reflete em estagnação proposital, imposta para a legalização de uma casa de reza, barracão, tenda ou centro. Do atendente do cartório ao gerente do banco, olhares de reprovação ou de apavoramento são facilmente perceptíveis. Instituições bancárias impõem empecilhos – ou, apenas, se negam a abertura de contas bancárias – para Instituições Religiosas de Umbanda. Será que a Igreja Universal do Reino de Deus teve algum problema? Será que a Paróquia da sua comunidade teve problemas? Dúvida cruel, não é? Pesquise só um pouco, e você já terá a resposta.
A igualdade, que poderia ser entendida como a não comparação entre ambientes, objetos ou ideias de cunho religioso, não se aplica ao credo e, muito menos ainda, às instituições religiosas de matriz africana. As dificuldades impostas, desde a fundação até a abertura de uma conta bancária, não são as mesmas. Não há igualdade. A falta de coerência na questão se reflete, também, no trato às pessoas – em seus empregos ou, até mesmo, dentro da própria família. O direito pode até estar na lei, mas o seu cumprimento não é assim tão certo. É preciso não baixar a cabeça para fazer valer os direitos que estão previstos, como iguais, no papel; se não, vencerá a diferença pautada pelo preconceito, ao não lutarmos com propriedade por eles.
Já a igualdade dentro do terreiro de Umbanda é linda: do desempregado ao empresário, do pobre ao rico, do amarelo ao negro… Todos são iguais, com os seus pés descalços e as suas roupas brancas. Os corações, igualmente conectados ao divino em busca de amplitude da consciência e da evolução espiritual. Os espíritos, também, atendendo a todos de maneira igual: com muito amor, serenidade e compreensão. Rezemos para que a igualdade religiosa se apresente em todos os lugares e, principalmente, que as lições ensinadas dentro dos terreiros de Umbanda possam, também, ser aprendidas fora deles.
Cake Designer e Professora de Confeitaria
Dirigente Espiritual (mãe de santo) do Terreiro de Umbanda Vovó Benta
Proprietária da Dallastra Bolos e Doces Artísticos
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