Tudo parece doce, tão fofo e agarradinho. É o que transborda da palavra fraternidade. Pertencimento, aconchego, zelo e cuidado, também margeiam o vocábulo, tão lindo de se pronunciar; mas que, para pôr na prática, daí já são outros quinhentos. Pensar no próximo e, também, o colocar próximo a nós, requer um pouco de habilidade; ser irmão, mas não “entrão”. São as relações familiares que vamos criando com todos e tudo o que tocamos, que nos tornam uma grande família. Hoje, ando meio “desfraternizado”, e acho que o momento atual nos confraternizou mais que fraternizou. Estarmos afastados, pelo menos fisicamente… É algo tão difícil nas relações tropicais, não é?
Precisamos do calor para derretermos, para sermos. Nos misturamos com as coisas e as pessoas pelo toque, pelo abraço, e…. Agora, José? Reaprendendo a ser, sem ter o outro tão próximo; porém, continuar sendo uma parte do todo, com um pouco do outro, ao ainda o ter em mim. A fraternidade é vermelha? Não sei, sou daltônico desde o nascimento – fadado a um mundo de poucas a raras cores – mas, gosto da ideia do vermelho, como o sinal que coordena as aproximações em nosso trânsito vida afora.
O vermelho das percepções de mundos diferentes, que se encontram em alguma esquina, que se aproximam, que se irmanam e que “se acontecem” mutuamente. Observador e observado, encontro e desencontro, chegada e partida. A proximidade que, mesmo por pouquíssimos segundos, nos irmana. É nas condições de aproximação e de distanciamento que se processa a fraternidade que temos, mesmo aqui, na Revista de Bamba. Um entrelaçamento dos caminhos, em um desfecho aparentemente coordenado pela atenção da editora-chefe. Um reencontro, ou a possibilidade de refazer as rotas. O que me leva a pensar que o acaso é o caminho, texto a texto, para chegarmos juntos ao destino do fraterno amor DeBambas.
Letrólogo
Professor do Governo do Estado do Paraná
Autor do Livro Infanto-juvenil “Sete Ponteiras da Verdade”
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