Sou uma mulher negra de 33 anos, casada, com um filho de 3 e uma filha de 1 – e, recentemente, virei escritora do livro “A Mamãe Sangra”. Escrevo esse texto ao fim de um dia bem caótico, que é para não romantizar o tal do empreendedorismo de mãe. Quando engravidei (durante o mestrado), tive a brilhante ideia de montar um negócio – a gente nunca sabe o que é ser mãe, até ser, né?!
Meu companheiro saiu do trabalho formal, trabalhando comigo porque assim também teria a flexibilidade de horário e, juntos, conciliaríamos as rotinas e os salários. Quando o filho fez um ano, vimos que essa coisa de trabalhar em casa com criança é algo surreal: ou você deixa na televisão, ou contrata alguém, ou tem rede de apoio, ou coloca na escola. Entendi a duras penas que a maioria das mães de minha “bolha” não precisava do dinheiro para sustentar a família e, então, realmente podia parar tudo que estavam fazendo para atender aos filhos, nas zilhões de vezes que eles pedem atenção.
Na minha realidade isso era impossível, e acabava deixando tanto o filho quanto a empresa sem a devida atenção, porque simplesmente não conseguia conciliar. Coloquei o filho na escola. Resolvi já ter o segundo porquê, como empresária, ter mais uma pausa dali algum tempo me renderia prejuízo.
Tive a segunda filha… A partir do primeiro ano ela entraria na escola, e pronto! Vida e maternidade equilibradas, pois meio período para cada um de nós dois seria o suficiente para trabalharmos – 15 de março ela fez um ano, e 17 de março começou a quarentena. Usei a resiliência ao meu favor e decidi: vou lançar meu livro!
Fiz uma vaquinha online, resolvi investir nisso e deixei o meu negócio de lado; é setembro, e estamos sobrevivendo com o livro. Conseguimos porque somos dois, literalmente: o pai dos meus filhos também dá conta das demandas da casa, cuida das crianças e trabalha. Assim mesmo, o empreendedorismo materno aqui morreu, mas passa bem.
Relações Públicas
Mestre em Comunicação Social
Autora do livro infanto-juvenil “A Mamãe Sangra”
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