***Vol. 1, Nº 003 / 2020 - 17/11 (IGUALDADE) *Comunicação

Com Que Roupa Eu Vou?

Letícia Herrmann
  • Indicação de música relacionada: ELA E ELE

Consumo, cultura e sociedade são pilares inseparáveis no que se refere ao delineamento de estratégias publicitárias. Somos criados com padrões de consumo pré-estabelecidos, reproduzidos há gerações. Nossos costumes são moldados socialmente e, a tal “automatização” pode não fazer mais sentido, se considerarmos as mudanças culturais que vem acontecendo ao longo dos últimos anos. Dentre os ajustes dos hábitos consumo, temos os do vestuário. Grande parte das lojas de departamentos são organizadas por cores, estações, tamanhos e, então, pelos gêneros; porém, em algumas, já há corredores definidos como “unissex”, dando espaço (e, assim, aval) para vestimentas “neutras”. Tem havido a necessidade de adaptações, com outros padrões de consumo, que visam a oferta de um vestuário mais livre; pois, a moda é uma forma de expressão, sendo carregada de simbologias importantes que representam ideologias, moldando personalidades.

Ao oferecer a opção sem gênero, o “genderless”, a indústria da moda tem uma proposta diferente da do unissex: enquanto o unissex “dá aval” para o uso de roupas “neutras”, no “genderless” você pode usar o que desejar, sem o gênero ser ao menos uma questão. Algumas marcas brasileiras já aderiram ao movimento, seja visando um novo nicho de mercado ou, ainda, a incorporação de um público que não se identifica mais com os padrões tradicionais. Um exemplo que chama atenção é da marca “Matiz”, destinada ao público infantil, que oferece vestuário para bebês com a proposta de não impor estigmas culturais – e, então, preconceitos – já desde a primeira infância.

Temos uma geração que vem sendo criada de uma forma cada vez mais distante dos padrões nos quais eu fui e, me parece, de um modo que faz mais sentido (ao ser mais igualitário); pois, muitas vezes apenas reproduzimos comportamentos, sem refletir se a sua manutenção é mesmo adequada. Para seguir crescendo, então, o mercado tem trocado de pele, ao trocar o que vai sobre a nossa pele.

Letícia Herrmann

Publicitária
Doutora em Comunicação e Linguagens (pós-doutorado na mesma área)
Professora de Comunicação Institucional na Universidade Federal do Paraná
Facebook / Instagram / LinkedIn / Lattes

Posts Relacionados