A família patriarcal foi admitida, sem reservas, até o surgimento dos movimentos feministas, os quais foram fortalecidos pelos dados da antropologia evolucionista, dados que evidenciavam a existência de um matriarcado anterior ao patriarcado – ou seja, já existia um direito materno no qual as mulheres, não sendo propriedade de ninguém, usufruíam de grande prestígio. A condição de liberdade das mulheres impedia que se estabelecesse, com rigor, a paternidade; e, então, ao serem reconhecidas como as únicas progenitoras, elas eram donas de si. A comunidade familiar, no matriarcado, desconhecia qualquer forma de propriedade privada, todos os meios de sobrevivência eram coletivos. Em virtude desta organização, os laços de solidariedade tendiam a ser fortalecidos.
O rompimento deste vínculo se dará com o advento da propriedade privada, na qual a família se transforma numa relação hierarquizada. Surge a figura do “esposo / pai / proprietário” – dono de si e dos outros, dos bens privados e, também, do espaço público. Por força das condições econômicas, a mulher se torna, agora, absolutamente dependente, convencida pela doutrina patriarcal de que os homens são naturalmente mais poderosos; pelo que, então, só lhes restaria a resignação. O patriarcado se torna absoluto, quando o oprimido concorda com a opressão, quando as próprias mulheres aceitam estar a serviço desta estrutura – e, pior, criam inimizade e rivalidade entre elas mesmas.
É preciso deslegitimar o patriarcado e, para tanto, a revolução começará com o alargamento da fraternidade entre as mulheres. Eis o nosso papel, pois, para conquistarmos a Liberdade e a Igualdade, devemos começar com a Fraternidade. A sororidade se dá, então, na prática: é a ajuda cotidiana que cada uma de nós pode fazer para as irmãs, como amigas, vizinhas, médicas, advogadas, etc. As redes sociais feministas são verdadeiras redes fraternas de acolhimento e de amparo. Na estrutura violenta do patriarcado, mulheres que dão a mão às outras mulheres, não fazem pouca coisa – ao contrário, elas fazem a revolução!
Cientista Social
Mestre em Sociologia
Professora de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda na Uninter
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