Poderia falar muitas coisas a partir da pauta da vez, que é “passado”. O ano que está, finalmente, terminando nos próximos dias, com certeza poderia inspirar muitos “textões” completamente indignados sobre a conjuntura nacional. Só os tantos exemplos de irresponsabilidade do governo atual, assim como os de seus votantes e – ainda! – apoiadores, renderiam linhas e mais linhas de uma justa catarse.
Mais importante do que acontece conosco, porém, é como nos posicionamos sobre o acontecido. Não temos muito controle sobre o nosso entorno, muito menos sobre as pessoas que estão nele: agora mesmo, alguém está tendo o melhor dia de sua vida, enquanto um outro está tendo o seu pior. Nenhum dos dois é, necessariamente, merecedor do bem ou do mal que lhe está acontecendo. A vida não tem um “porquê”, ou uma justificativa, para ser como é. Cada um de nós não é mais, ou menos, que o “efeito” das escolhas dos que vieram antes; assim como, também, somos as “causas” dos que virão depois.
A minha questão é que, mesmo que não tenhamos “muito controle”, ainda estamos em relação e, então, influenciamos e somos influenciados por tudo e por todos. Em um ano com tantas perdas, em que a morte se apresentou diariamente – ou em estatísticas globais, ou nos velórios de nossos entes mais amados – há uma lição importante a ser aprendida: o que realmente temos, sendo tudo o que podemos dar, é o nosso tempo.
Como você está escolhendo usar o seu? Gosto muito da ideia de Nietzsche de “eterno retorno”, desenvolvida como um recurso para o entendimento de uma moralidade sem julgamento ou punição divina: não há algo, em si mesmo, bom ou ruim – algo é moral, ou amoral, a partir de você mesmo. Como reconhecer, então, se estou vivendo bem?
Lembre-se de toda a sua vida, todas as escolhas que já fez e, também, todas as consequências delas: se tivesse que viver tudo novamente – “eternamente retornando” para a sua própria vida –, seria uma benção ou uma maldição? Os seus melhores e piores momentos, do que sente mais orgulho e mais vergonha: tudo é você. A partir de seu passado, o que escolhe para o seu futuro?
Relações Públicas e Publicitária
Doutora em Comunicação e Linguagens (pós-doutorado em educação)
Editora-chefe da Revista de Bamba
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