***Vol. 2, Nº 011 / 2021 - 10/03 (SABEDORIA) *Cultura Luciano de Sampaio

A “Prece da Serenidade” Só Depende de Você

Luciano de Sampaio

Provavelmente você já ouviu a “prece da serenidade” em algum filme ou seriado estadunidense, em que as reuniões dos Alcoólicos Anônimos são representadas. É a famosa citação sobre o que não se pode mudar, o que se pode – e como diferenciar. Agora, se formos pensar de forma ampla, não há a necessidade de uma divindade. Ainda que, para quem acredita, basta substituir a palavra “Deus” (que inicia o verso) por qualquer outra de sua preferência, para reconhecer que esses três aspectos são extremamente importantes para uma vida, no mínimo, funcional.

Não estou aqui criticando crenças, pois nem acho que eu, ou qualquer um, tenha o direito. Estou ampliando a mensagem, originalmente dada como uma prece, para a traduzir em um ditado: “que eu encontre serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar as que posso, e sabedoria para perceber a diferença entre elas”. Me apego à ideia porque, mesmo não sendo crente, me faz bem lançar mão da citação no cotidiano, ao lidar com as minhas dificuldades.

Ao tirar de contexto tanto a divindade quanto os AA, em especial no meu caso, o ato de a recitar ganha complexidade: deixa de ser um enfrentamento – uma tentativa de controle do vício – para se tornar uma seleção mais ciente de onde aplicar o meu esforço. É na análise diária do que posso ou não mudar que faço a minha lista de atividades do dia; estabeleço prioridades, reviso necessidades e planejo os espaços em branco (extremamente necessários para alguém inquieto como eu) que ocorrerão na famosa “to-do list”.

Esse exercício cotidiano é difícil, porém, recompensador. A tão necessária sabedoria para distinguir entre o que é ou não mutável não é um presente que se recebe gratuitamente, mas sim um treino diário. Não foram poucas as vezes em que, preparando a minha jornada, identifiquei algo errado em algumas situações – e tenho certeza, o mesmo erro ainda se repetirá tantas outras vezes. São os erros que me tornam sábio, e não a subida da montanha, como versa a antiga lenda do velho eremita [insira aqui a versão à qual a sua crença subscreve, ou adicione “chinês” se você é millenial, ou ainda mais novo].

Luciano de Sampaio

Fotógrafo
Mestre em Comunicação e Linguagens (UTP)
Professor de Comunicação Visual na Universidade Federal de Rondônia
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