Um chavão que circula por aí, sem autoria definida, é que a “ansiedade é excesso de futuro”. Após um momento de estranhamento (por se tentar quantificar emoções em relação ao tempo), a frase me chama a atenção por trazer a ideia de se vislumbrar o futuro de forma desagradável, dolorida.
É emocionalmente bem complicado, porque quando perdemos a perspectiva de futuro, nos vemos em outro quadro, o do desamparo. Às vezes, ao ser parte da depressão, o desamparo é um enorme desafio e um grande risco; sem perspectiva, desistir é algo que pode lampejar no horizonte cinzento daqueles cujo futuro está em falta.
Creio que a “falha” desse aforismo de internet é a tônica emocional: o futuro pode ser antecipado com sofrimento, da mesma forma que pode ser antecipado com otimismo. Até mesmo esperança, alguns dizem – é um clichê de votos de ano novo, mas no momento presente, mais do que tudo, não podemos perdê-la de vista. O ano de 2020 trouxe incontáveis desafios e, se abrirmos mão de depositar no futuro boas expectativas, a força para continuar a luta vacila.
Projetemos, então, um futuro que nos possibilite passar pelo presente. Excesso, falta… São palavras subjetivas demais para valer à pena a discussão e, então, que venha 2021.
Psicóloga CRP 08/13.324
Especialista em Psicologia Clínica e Transtornos Alimentares e Obesidade
Coordenadora do Inst. de Pesquisa do Comportamento Alimentar de Ctba.
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