Esta reflexão não é sobre autoajuda (dissipada mundo afora), mas sim sobre aquela que funda o nosso “auto cuidado”, uma espécie de regulação interna que o organismo humano é capaz de produzir com base em estímulos e compensações químicas e biológicas. Estamos falando, aqui, da capacidade de nosso cérebro produzir sinapses neurais e, como uma de suas consequências, da produção de neurotransmissores que funcionam como regulares cerebrais. Estas substâncias químicas operam como moderadores sistêmicos, podendo ter caráter inibitório ou excitatório nas funções biológicas humana.
Dentre os neurotransmissores, um quarteto importante é conhecido como o responsável pela modulação das sensações de “felicidade”, composto por Dopamina (sensações de recompensa), Serotonina (pertencimento ou sentimento de importância), Oxitocina (sensações de calma, segurança e bem-estar) e Endorfina (alívio da dor e potencialização dos sentimentos de prazer). Além da produção natural destes compostos químicos pelo nosso cérebro, é possível propiciar situações externas que motivem tais produções, como viajar, fazer exercícios e comer chocolates, por exemplo. O equilíbrio dos neurotransmissores é importante para regular o comportamento humano, cuja consequência de um possível desnível pode causar depressão ou ansiedade.
A publicidade, nesta esfera neurobiológica comportamental, se manifesta de forma ativa construindo argumentos persuasivos apoiados em questões que incitam mecanicamente a produção de neurotransmissores, de forma a dar uma espécie de “garantia” da felicidade prometida pela posse ou acesso de seus produtos. Utiliza os princípios da excitação como premissa, como é o caso da campanha da Coca-Cola com o slogan “Abra a Felicidade”; que, além de estar associado com a alegria em consumir o produto, mostra em seus contextos comerciais cenas semioticamente pensadas para a promoção e a materialização de sensações. Esta associação imediata potencializada pelo consumo se dá biologicamente pela elevação dos níveis de “neurotransmissores da felicidade” que, quando acionados, mostram-se estratégias eficazes no cenário do consumo.
A Neuropublicidade ou Neuropropaganda – área do conhecimento que associa técnicas publicitárias aos aspectos neurobiológicos – engaja consumidores nas mais diversas esferas, trabalhando quesitos sensoriais, metaforização e vieses cognitivos como caminhos assertivos para gerar constructos importantes na relação social entre marcas e indivíduos, considerando o pilar biológico como um diferencial nesta estruturação relacional.
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Doutora em Comunicação e Linguagens (pós-doutorado na mesma área)
Professora de Comunicação Institucional na Universidade Federal do Paraná
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