Historicamente ser uma pessoa LGBTI+ no Brasil sempre foi algo muito perigoso, desde o descobrimento quando ainda havia a previsão legal do crime de sodomia com pena de morte na fogueira, passando por outras legislações que puniam com açoite e exílio pessoas que usavam roupas vistas como do gênero oposto, até os dias atuais. Desde 1830, legalmente, não é crime ter orientação sexual ou identidade de gênero diversa do padrão cisheteronormativo; mas, mesmo não sendo crime, a sociedade sempre puniu a comunidade LGBTI+ de maneira cruel. A ditadura militar brasileira perseguiu a população LGBTI+, houve censura sobre a temática da diversidade, buscavam a higienização e a eugenia social – um país que fosse “homogêneo”, ideia que terrivelmente têm sido ressuscitadas nos últimos anos.
O histórico de preconceitos da sociedade foi reforçado por muito tempo na grande mídia nacional e internacional, onde pessoas LGBTI+ sempre eram retratadas de maneira caricata, reforçando estereótipos perigosos que ajudavam a perpetuar as mazelas sofridas pela comunidade. Nos últimos anos, entretanto, os movimentos sociais têm se organizado e, aos poucos, algo tem mudado. Cada vez mais, o tema é retratado de maneira sensível e respeitosa, com exceção de quando assistimos um participante do programa do Big Brother Brasil (BBB) sofrer o isolamento forçado, as ofensas, e outros tantos tipos de tortura psicológica. Mesmo após ser hostilizado por diversos dias, o participante Lucas teve coragem de revelar a sua orientação sexual em rede nacional, após um lindo gesto de afeto – um beijo no Gil – em um dos programas de maior audiência.
Um ato que deveria gerar acolhimento e alegria foi mais um momento de dor e de discriminação; em que, sem dúvidas, os mais reacionários da sociedade brasileira se sentiram representados. O que tornou a manutenção do Lucas dentro da casa insustentável, forçando-o a pedir por sua saída. É de se imaginar quantas pessoas passam pela mesma situação na vida real e, não podendo simplesmente “desistir do programa”, desistem da vida. Prova disto são os altos índices de suicídio dentro da população LGBTI+. Que o amor e o afeto possam ser, cada vez mais, a cura dentro de uma sociedade tão doente.
Pedagogo, Letrólogo
Doutor em Educação (com pós-doutorado na mesma área)
Diretor da Aliança Nacional LGBTI+
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