Durante grande parte da minha vida eu não compreendi a importância do passado. Vivendo um dia de cada vez, fazendo o possível para esquecer o que não queria mais lembrar, guardando apenas aquilo que me fazia sorrir. Desde que comecei a fazer análise, porém, isto tem se transformado. Remexer nas coisas que vivi (principalmente, nas que me fizeram sofrer) é algo sempre desconfortável, mas a sensação é a mesma de se fazer uma trilha: ao longo do caminho sentimos exaustão e, ao chegar no topo, podemos sentir paz e finalmente descansar enquanto aproveitamos a vista.
Sabe aquela situação que a gente vive e, depois que passa, só queremos esquecer? Aquela atitude que tomamos e nos arrependemos amargamente e, então, evitamos falar e até, pensar sobre o assunto? Entendi que são nesses lugares que moram muitas partes importantes de nós mesmos. Olhar para nós com gentileza e, para o nosso passado, com cuidado (e, até mesmo, carinho) pode ser revolucionário para a saúde de nossa mente. Carinho porque, hoje, carregamos cada um dos momentos bons e ruins, dos momentos de exaustão e de vigor, choro e riso. Fomos somando tudo para chegar no dia de hoje, nos tornando quem somos. É no passado que encontramos muitos “porquês” e, com eles, novas possibilidades para o que ainda está por vir.
Ouso dizer, também, que ao chegarmos no topo da montanha – quero dizer, ao conseguirmos olhar, entender e, até, ressignificar as coisas que vivemos –, podemos nos autoconhecer. O passado é um tempo que está sempre presente pra nos ensinar, da mesma forma que aprendemos com aqueles que vieram antes de nós, nos deixando lições. Espero que no futuro, ao olharmos para trás, possamos ler em nosso passado palavras como: viveu, amou, aprendeu, lutou… Ressignificou! Que possamos, sempre que necessário, reviver o passado de maneira saudável, entendendo a importância que ele tem para a nossa evolução.
Letícia Costa
Jornalista
Miss Curitiba Universo 2017
Modelo, Atriz e Escritora
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