***VOL. 2, Nº 012 / 2021 – 24/03 (IGNORÂNCIA) *Sociedade Guilherme Wski

A Arma dos Espertos

Guilherme Wski

A ignorância é a arma dos espertos. Arma que se bem usada, possibilita uma boa saída ao seu portador. Por justa definição, a ignorância se caracteriza por uma falta de saber, uma falta de cultura, um desconhecimento técnico ou de experiência. Não é à toa que perceber-se ignorante é visto, socialmente, como um ato de humildade, como ato daquele que deseja aprender algo novo, algo que inegavelmente não sabia. Vê como é perigoso? Mais uma vez o jogo das virtudes e das aparências está exposto e, nós (eu e vocês) somos peças, espectadores; e também, aqueles que vão sofrer as consequências ao final da partida.

Mas devo ter calma, vou primeiro explicar as regras desse xadrez e, depois, você decide de que lado fica – ou se pula do tabuleiro por conta própria. Um ignorante, em sua essência, desconhece o mundo em suas instâncias mais elementares, têm dificuldade para viver e conviver no meio social; a sua limitação o impede de muitas coisas, inclusive de acessar aos seus próprios direitos e, por assim ser, se for julgado por algo que fez ou que faz, não pode ser condenado pela sua ignorância.

Do outro lado existe aquele que é conhecedor do mundo, da cultura, possui saberes e técnicas, conseguindo conviver e viver no meio social com muita facilidade; logo, se julgado por aquilo que faz ou fez, devem receber toda a carga de seu ato. O problema reside na imagem. Considerando o mundo e a exposição a qual ele nos obriga, aparentar ignorância pode livrar de consequências todos aqueles que tinham ciência e responsabilidade sobre os próprios atos, absolvendo alguém que deliberadamente escolheu pelo errado, isentando de responsabilidade toda vez que proferir “mas eu não sabia!” – mesmo sabendo de tudo.

Compreende a razão do jogo? Cabe a cada um tarefas morais nada fáceis, de fato, porém todas possíveis. Perceber a distinção entre aqueles que são e os que não são ignorantes. Ajudar e auxiliar os que desconhecem, responsabilizar os que sabem e, claro, escolher fazer ou não o papel de ignorante quando assim convir. Resta a pergunta óbvia, qual peça você é?

Guilherme Wski

Filósofo
Graduando de Psicologia
Escritor
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