- Indicação de filme relacionado: TOC TOC
Uma das formas mais devastadoras de intolerância, capaz de minar e de destruir pouco a pouco a autoestima e a saúde mental de uma pessoa, é a chamada auto-intolerância, em que a pessoa se rejeita a si própria, em razão de algum desejo que ela se recusa compreender e aceitar em si mesma. Mostra-me o teu sintoma e eu te direi qual é o teu desejo. O sintoma é o porta voz do desejo, especialmente do desejo reprimido e recalcado. A mesma sociedade que produz o desejo, produz a frustração – como cantou Chico Buarque, “você, que inventou o pecado, esqueceu-se de inventar o perdão”.
A doença, aqui, é da sociedade – não das pessoas; mas, as que sofrem processos de auto-intolerância não são capazes de perceber isso. Elas é que são doentes e elas é que devem buscar a cura para sua doença. A Psicanálise é a clínica do sintoma, mas é, sobretudo, a clínica de resgate do desejo. Saúde mental não pode nunca ser vista como um dado estático, mas como um processo altamente dinâmico – no qual uma pessoa vai se adaptando ao mundo, transformando-o e atribuindo-lhe significado, na medida em que ela própria se transforma.
Sem tais transformações, há um Desequilíbrio Existencial, cujos sintomas eu listo a seguir, pois merecem toda a sua atenção e cuidado:
1. Insatisfação vaga e permanente com a vida que leva e com tudo em geral;
2. Elevada desconfiança nas “intenções” dos outros com quem se relaciona;
3. Sensação de ter sido abandonada e/ou traída por todas as outras pessoas, especialmente por mãe, pai e outros familiares;
4. Incapacidade crônica de expressar claramente os próprios desejos, tanto para si mesma, quanto para as outras pessoas;
5. Sentir-se “credora” do mundo, que nunca reconheceu seu devido valor e lhe negou todas as oportunidades que dá para todo mundo (exceto para você…);
6. Cargas assustadoramente altas de ressentimento, inveja, mágoa e ciúme em todos ou na maioria dos seus relacionamentos;
7. Maquinações mentais, com grande mobilização de energia vital para “vingar-se” de tudo e de todos;
8. “Orgulhar-se” dos próprios sintomas e esquemas de autodestruição.
Psicanalista e Economista
Mestre em Sociologia, e em Administração de Empresas
Candidata a Prefeita de Curitiba
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